Projeto “-violência =dade +informação” fecha com balanço muito positivo

O projeto “-violência =dade +informação” decorreu entre dezembro de 2016 e maio de 2019 por iniciativa do GIAV – Gabinete Intermunicipal de Apoio à Vítima e permitiu a deslocação mensal da equipa técnica a oito Municípios da região oeste onde não existia resposta especializada no atendimento a vítimas.

Após 30 meses de implementação, o balanço feito pela equipa e parceiros é muito positivo. Um total de 378 vítimas de violência doméstica obtiveram apoio nesse período, em Torres Vedras e nos territórios vizinhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche e Sobral de Monte Agraço. O número de novas vítimas em acompanhamento pelo GIAV foi de 223, o que corresponde a um aumento de 13,5%, proporcionado pelo projeto.

Em detalhe, só em 2016 foram acompanhadas 97 vítimas. No ano de 2017, esse número subiu para 115 e em 2018 foram acompanhadas pelo Gabinete um total de 137 utentes. Para 2019, e se comparados os primeiros cinco meses com igual período do ano passado, é expectável que o número volte a ser superado.

O projeto “- = +” resultou da procura constante por apoio social, psicológico e jurídico por parte de vítimas provenientes de Concelhos vizinhos a Torres Vedras, cidade onde o GIAV se localiza.

Das totalidade de vítimas que passaram a ser seguidas pelo GIAV desde a sua descentralização, apurou-se que 93,5%, isto é, 209 pessoas, se dizem muito satisfeitas ou satisfeitas com a intervenção do Gabinete, o que leva a crer que a quase totalidade das vítimas acompanhadas reconhece a importância e a pertinência desta iniciativa.

Também os parceiros, a quem se deve a boa conjugação de esforços com o GIAV, reconhecem a relevância do projeto “- = +”. Segundo Ana Paula Duarte, Técnica Superior da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, o GIAV tem tido “um desempenho fundamental no apoio e proteção a vítimas nesta zona geográfica” e é a articulação permanente com este Gabinete que tem contribuído “para a prevenção da reincidência de comportamentos violentos no seio das famílias”. De facto, e apesar do aumento das situações de violência doméstica e da procura por apoio especializado, o GIAV não tem, até hoje, qualquer registo de vítimas mortais.

Outras atividades foram realizadas com sucesso ao abrigo deste projeto. A campanha de rua “A uma mulher não se bate nem com uma flor”, por exemplo, procurou alertar para a problemática da violência doméstica e sensibilizar e informar para a igualdade de género. Iniciativa inédita na região, esta ação consistiu na distribuição de flores à população masculina, foi realizada simultaneamente em 9 municípios e abrangeu mais de mil pessoas.

A produção de um kit pedagógico digital e a dinamização de workshops e ações de sensibilização para técnicos foram também realizados com impacto superior ao esperado. De acordo com Inês Vaz, representante do Município de Torres Vedras na Rede Local de Intervenção na área da Violência Doméstica, este trabalho de prevenção primária do GIAV revela-se “indispensável”: “tenho conseguido acompanhar, ao longo de quase 9 anos, todo o trabalho desenvolvido pela equipa técnica. Tem sido, sem dúvida, uma construção modelo”, explica a responsável.

O Centro Social Paroquial de Torres Vedras, entidade responsável pelo GIAV, agradece a todas as entidades parceiras do projeto – as Câmaras Municipais de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Nazaré, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, a Casa do Povo de Óbidos e o Centro de Solidariedade e Cultura de Peniche – e aos seus parceiros do Concelho de Torres Vedras – a Câmara Municipal de Torres Vedras, a GNR, a PSP, o Centro Hospital do Oeste, a DGRSP – Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, a Segurança Social, o Instituto do Emprego e da Formação Profissional, o Ministério Público e a Unidade de Saúde de Torres Vedras ACES – Oeste Sul.


Leia aqui todos os testemunhos dos parceiros do GIAV:

Numa altura em tanto se fala de violência e que na saúde nos deparamos diariamente com situações de pessoas desesperadas que precisam de ajuda é absolutamente fundamental a existência de projetos como o -violência =dade +informação.
Porque não pode ser uma qualquer entidade, ou um qualquer profissional a exercer esta função, mas sim profissionais com formação e vocação para trabalhar nesta área e instituições com princípios sociais e reconhecimento na comunidade. É o caso do Centro Social e Paroquial e da equipa técnica do GIAV, que ao longo do tempo tem feito um trabalho de reconhecido valor no acompanhamento às vítimas de violência doméstica que a ela recorrem, com um profissionalismo exemplar e com uma excelente articulação com as restantes entidades parceiras.
É fundamental que este projeto se mantenha e que a existência do Gabinete não seja de cariz temporário ou com final anunciado no tempo, mas sim definitivo, pois a problemática da violência e maus-tratos está longe de ser uma situação secundária na nossa sociedade.
É necessário investir no sentido da prevenção, da informação e atuar sempre que necessário para que os casos de violência doméstica tenham o acompanhamento técnico necessário, caminhando assim para a sua resolução. Porque esse é o objetivo de todos nós e foi esse o trabalho realizado pelo Gabinete Intermunicipal, que queremos e necessitamos que continue a ser desenvolvido.

Carla Patrício, Centro Hospital do Oeste, EPE

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Enquanto representante do Município de Torres Vedras, na Rede Local de Intervenção na área da Violência Doméstica, tenho conseguido acompanhar, ao longo de quase 9 anos, todo o trabalho desenvolvido pela equipa técnica responsável por esta importante resposta do Centro Social e Paroquial de Torres Vedras. Tem sido, sem dúvida, uma construção modelo, assente numa parceria esforçada entre colegas e entidades e focada na vítima, que procura soluções e o investimento necessário para ultrapassar contrariedades e alcançar resultados sempre positivos.
Na presente data, o GIAV não só representa uma estrutura local e intermunicipal que presta apoio psicológico, social e jurídico especializado, com vista a minimizar a problemática da violência, como promove igualmente uma série de ações que procuram sensibilizar a comunidade para estas temáticas, no sentido de trabalhar a prevenção primária.
Para a autarquia, revela-se um serviço indispensável a nível local, respondendo a necessidades diagnosticadas e de intervenção prioritária. O Município está certo, por isso, de que o nosso território beneficia desta resposta e precisa da sua continuidade, para que se possa garantir a segurança e o bem estar das vítimas e a melhoria constante da sua qualidade de vida!

Inês Vaz, Divisão de Desenvolvimento Social, Câmara Municipal de Torres Vedras

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Para a DGRSP, designadamente Equipa OEste 1, é importante que o GIAV se mantenha em funcionamento no concelho de Torres Vedras, por vários motivos:
– é a única resposta social cujo objetivo exclusivo é o apoio às vítimas de violência doméstica, no concelho de Torres Vedras e nos concelhos vizinhos;
– tem desenvolvido um trabalho de muita qualidade, assumindo um desempenho fundamental no apoio e proteção das vítimas de violência doméstica na nossa zona geográfica, mas também de sensibilização geral para este problema vivido no seio de muitas famílias, que nos afeta a todos, mesmo quando não somos vítimas, perturbando o bem-estar e equilíbrio da nossa comunidade;
– a articulação e encaminhamento das vítimas para o GIAV tem permitido trabalhar em rede social, de forma mais concertada e eficaz, contribuindo para a adequada proteção e apoio psicossocial das vítimas, e consequentemente para a prevenção da reincidência de comportamentos violentos no seio das famílias;
– a DGRSP tem disponível um Programa para Agressores de Violência Doméstica, que é aplicado, ao nível nacional, a agressores que estão condenados pelo crime de violência doméstica, com o objetivo de promover nos agressores a consciência e assunção da responsabilidade do comportamento violento, bem como a aprendizagem e utilização de estratégias alternativas a este tipo de comportamento. Durante o referido programa mantém-se o acompanhamento e supervisão de cada caso, com avaliação permanente do risco de reincidência.
Os contactos com as vítimas, e um trabalho articulado com a rede comunitária, e especificamente com o serviço de Apoio à Vítima local, em Torres Vedras com o GIAV, tem sido fundamental, contribuindo para trabalhar a gestão desse risco e evitar a reincidência de forma mais eficaz.

Ana Paula Duarte, Técnica Superior de Reinserção Social, Equipa Oeste 1, Direção Geral de Reinserção e
Serviços Prisionais
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